Eu voltava pra casa pensando que eu deveria crescer, procurar outros caminhos, deixar o medo de lado, me tornar mais independente. Quando pensava em como fazer isso, uma menina de mais ou menos cinco anos entra acompanhada de sua mãe. Ela estava com o braço engessado. Tinha carinha de sapeca e sorria pra quem olhasse. Sentou-se no colo da mãe.
E logo um senhor sentou-se ao seu lado. Perguntou a menina como conseguiu aquele gesso. Ela desatenta, não respondeu. Coube a mãe disser o que tinha acontecido. A menina havia caído. O senhor então, disse que ela tinha mesmo carinha de danada.
Começou a contar de sua filha, Isabele, que foi adotada. Com a possibilidade de ouvir uma boa historia, a menina esqueceu tudo que passava lá fora e atentou-se para o rosto do homem. Ele contou que quando sua filha ainda era pequena a mãe contou à menina que ela tinha vindo de outra família e junto com ela tinha vindo uma carta que dizia: “Isabele é um tesouro, cuidem bem dela.” A menina cruzou os braços e exclamou: Não sou um tesouro! A mãe foi explicar a garotinha o que era um tesouro, até que ela aceitasse que tesouro era uma coisa boa.
- Como é seu nome? - Perguntou o senhor a menina que o olhava atentamente. Criança adora histórias, principalmente se contadas por senhores com cara de vovô.
- Nayara.
A conversa parecia ter parado ali, mas com a mesma simpatia de sempre, o senhor começou a falar do tempo. Disse que iria passar o dia chovendo. A mulher disse que estava agradável o dia. A menina olhava atentamente para o mundo fora da janela do ônibus. A cidade está em obras, passando por muitas mudanças. Os grandes olhos da menina se enchiam cada vez que passava por aquelas máquinas enormes e fortes. Parecia tudo tão incrível, como só as crianças conseguem achar.
Era o tempo nublado, o ônibus lotado, engarrafamento por toda parte, quase 6h da tarde e mesmo assim ela sorria e achava tudo encantador. E eu só queria que tudo que tinha ido fazer tivesse dado certo, que os caminhos mudassem pra que eu pudesse, de novo, achar tudo incrível e não me importar com o tempo.
- Com licença, vou descer na próxima.
- Jessica
Muito Bom..Adoreii..as vezes nos temos que enxergar as coisas com um olhar de uma criança, pois ao longo do percurso perdemos esse olhar que tinhamos quando criança!
ResponderExcluirÉ verdade, Pedro. Ainda há muitas coisas bonitas pra se ver. (:
ResponderExcluirJessica